O corsário se separa do seu continente
Velas nuas e quereres velados
O espetáculo do sol
Se alforriando dos dias entardecidos
Para, solitário, se misturar ao mar
Dois continentes, zunidos pelo oceano
Mãos afoitas, carne tremula
Rasgam o véu que separa duas vidas
Parábolas costuradas na areia
Que meu relicário não permite arrematar
Faíscas do segundo sol que não tem lugar na aurora
Penetram as frestas da veneziana
E derramadas no tapete
Mancham a penumbra do ventre
Tragando o interlúdio que separa a luz da vida
O corsário se separa do meu continente
Quereres desvelados abandonados no cais
Do porto, do tempo, das veias abertas em mim
Fora do alcance das mãos
Que o perder de vista não apaga
Roupas velhas que não cabem mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário