quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Quase uma fotografia do Man Ray

Man Ray, Le violon d'Ingres (Kiki) 1924
Sem Título

Uma música cega
Um filme calado
Uma nudez noturna
Você é meu canto
Meu segredo
Minha prece
Inaudível.

Menino de março
Na janela
Da fotografia ancestral
O sol escorrendo
Nas vidraças celestes
Do tempo
Que precede o tempo.

Meu relato rouco
Meu grito pouco
Meu vermelho pálido
Meu negro
Minha poesia
Escrita na escuridão
Divorciada das sombras.

Encosta outonal
Povoada de quereres
Um desvario febril
O vento atravessando
O eco e as folhas
No mediterrâneo
De nós.

''Conheci um americano que faz lindas fotos. Ele me diz: Kiki, não me olha assim, você me perturbar.'' (Kiki,''Queen of Montparnasse'', sobre Man Ray)

''O tipo de beleza mais nobre é aquele que não arrebata de repente, que não faz ataques impetuosos e inebriantes (esse provoca com facilidade o tédio), mas que se insinua lentamente, que se encarrega consigo quase sem saber e que um dia, em sonho, se redescobre, mas que, por fim, após ter ficado modestamente em nosso coração, toma posse completa de nós, enche nossos olhos de lágrimas e nosso coração de desejo.'' ( ''A Lenta Flecha da Beleza'' em Humano, Demasiado Humano, de Nietzsche)

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