A Desatar Estreitos Nós (sobre um tempo com gosto de fim)
Eu observava o tempo
Que tombou
Numa manhã sem sol
A perder de vista
A perder de vista
Na imensidão
Desobrigada de luz
Um petroleiro levava o sal
Das minhas lagrimas
E, pela primeira vez,
Eu experimentava o insossoDo corpo
Da vida
Lavrando o vazio.
Calcei a lembrança dos cansaços
Da fala estreita
E dos corpos em brasa
Que esquecemos na chuva.
Era ventre murcho
Era ventre murcho
E choro devagarinho
Revolvendo o silêncioTorcido
Que não cala.
Interlúdio:
(...)
- Por que Deus a mandou fazer isso? Para salvar seu povo.
- Primeiro ela o seduz, depois corta sua cabeça. Veja a expressão dela, ela parece mesmo alguém que executa ordens de Deus? (...) Olhe com atenção, Dr. Jung: os olhos dela, a sensualidade de sua boca, seus seios a mostra, sua mão cheia de jóias segurando a cabeça dele. Não, Judith não matou Olofernes porque Deus mandou.
- E por que?
- Ela o matou porque o amava.
(Fragmentos do diálogo entre Sabina Spielrein e Carl Jung diante de Judith II de Gustav Klimt. Retirado do filme Jornada da Alma (Prendimi L'Anima) de Roberto Faenza, de 2003.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário